segunda-feira, 19 de julho de 2010

PRAIA DE NUDISMO

Eu adoro ouvir história. Pensando um pouquinho vemos que a vida é uma imensa novela e que cada pessoa é um personagem interessante, capaz de nos encantar com suas histórias. Juscelino é uma fábrica de casos engraçados e emocionantes. Ele, com seus 50 anos bem vividos, é casado com Mara, e desta união temos o Bill. O curioso é que Juscelino ainda tem mais uma filha, com pouco mais de 20 anos fruto de seu primeiro casamento com a cunhada. Isso mesmo. Ele separou-se e depois se casou com a cunhada. Surreal.
Em uma de suas viagens ao nordeste, Juscelino encontrou uma praia de nudismo e bateu-lhe a curiosidade. Sempre teve a vontade de ir, mas nunca teve a coragem. Aqui no Rio temos a praia do Abricó, por exemplo, que com seu nome sugestivo é um perigo para pessoas como eu que escrevem muito rápido e cometem erros de ortografia. Aff.
http://www.abrico.com.br/p_principal.html
Juscelino convenceu Mara e foi para a praia. Ele já tinha um plano de emergência desenhado em sua cabeça. Aliás, em tudo o que fazemos em nossa vida, devemos sempre ter o plano B. não se pode mergulhar numa idéia sem desprezar a existência do fracasso. Não se pode confundir otimismo com falta de prudência. Aceitar a existência do fracasso é o primeiro passo para que cheguemos ao sucesso e Juscelino tinha consciência do que seria seu fracasso. Entusiasmasse com a primeira nua e demonstrar fisicamente sua felicidade. Neste caso o plano B é a água gelada do mar.
E lá foi ele junto com sua esposa. Na entrada já estava devidamente vestido e meio que constrangido. Nem as cinco latinhas de cerveja tiraram sua timidez. Mesmo se quisesse, não conseguiria demonstrar qualquer sinal de felicidade. O público não era de causar entusiasmo. Viu algumas mulheres sentadas e ficou preocupado com a possibilidade destas pegarem uma gripe ou algo assim. Seus seios batiam na areia. Tinha outra coisa que o incomodava: as mulheres eram hippies. Por que ninguém ali era a favor do desmatamento? Não que ele fosse, mas deveria ter outras formas de preservar a floresta amazônica. E a faixa etária? A mais nova parecia ser mãe de sua sogra.
Conversar com as pessoas olhando em seus olhos tornou-se um desafio. Se Newton fosse vivo mudaria sua teoria da gravidade. Descobriria que o olhar sofre da mesma gravidade que a maça, quando em contato com um corpo nu. É difícil escapar da comparação ou da vontade de comparar-se ao outro. Não sei se a mulher sofre desse mal, mas o homem acha que sempre há alguém com uma vantagem a mais que você, mesmo sabendo que isso não é o que importa, segundo algumas falsas mulheres. Eu não sei dizer se ele sentia vergonha ou orgulho, até porque, para se proteger, o homem mente, mesmo que seja para si mesmo.
Quando pensava em ir embora, eis que surge o inesperado. Ir para uma praia de nudismo pela primeira vez já é algo diferente e até mesmo constrangedor. Imagine encontrar um conhecido. E não é que Juscelino encontrou justamente o vizinho! Ambos nu, num embaraçoso aperto de mão, olhando nos olhos um do outro. Quando Juscelino me contou esta historia, perguntei-lhe se tinha passado vergonha. Orgulhoso, disse que foi o vizinho que passou. É a comparação foi inevitável pra ele.

Nenhum comentário:

Postar um comentário