sábado, 24 de julho de 2010

JULGAMENTO

Hoje acordei cedo e fui para minha aula de tênis. O tempo estava bom, firme. Parecia que abriria mais um sol daqueles. Imaginei que seria um sol para cada um. Eu realmente precisava desta aula. Minha cabeça nesta semana não estava muito boa. É trabalho, vida pessoal. Cheguei ao ponto de completar o óleo do carro e não colocar de forma correta a tampa próximo ao motor. O resultado foi um vazamento de óleo e sujeira para todo lado. Que cabeça que eu estava. Comecei bem a aula, descarregando toda a potência na bola, com o professor pedindo para que eu diminuísse o ritmo. Para cada pancada tinha um nome. Começando por Dorothea a te alguns colegas de trabalho. Pena que a chuva interrompeu e até agora estamos pensando de onde ela veio. Campo Grande realmente é um lugar diferente. Às vezes parece que estou em outro estado, sei lá. Cresce a uma velocidade pavorosa e ainda é cercada de verde em locais que muitas vezes lembram o interior.
Enquanto olhávamos a chuva alagar as duas quadras, conversamos sobre futebol, o “não” do Muricy e chegamos ao assunto Bruno. Perguntamos-nos até aonde vai à inocência de uma pessoa, ou até mesmo sua culpa. Todos são inocentes até que se provem o contrário ou será que todos são culpados até que se prove a inocência? Na verdade, esses valores perderam-se com o tempo e na maioria das vezes condenamos sem termos base. Mas não é o caso do Bruno que quero falar. Culpado ou inocente, só a justiça irá definir. O que me intriga é o que fazemos em nossas vidas. Quantas vezes não condenamos alguém sem provas, sem base, apenas com indícios. Condenamos pessoas baseado em rumores e em nossas experiências anteriores. Condenamos muitas vezes por acreditar que todos são culpados e que não há inocentes. Condenamos por não acreditar nem na nossa própria inocência.
Há pessoas que auto condenam-se. Há um tempo apaixonei-me por uma mulher. Tudo ia bem quando do nada ela resolveu interromper a relação. Eu não entendia nada, mas ela me disse que não podia continuar, pois aquilo não a pertencia e que estava condenada a sofrer suas dores. Pouco depois fui entender que na verdade ela tinha uma paixão antiga e que não sei por que casou com outra mulher. Ela era um lado do triângulo e de repente eu apareci em sua vida de forma devastadora querendo meu lugar. Sem querer eu estava participando de um quadrado e mesmo depois quando nos reencontramos resolvi dar um basta. Ela condenou-se a sofrer por este amor não correspondido, por esta história perdida. Acho que é do ser humano buscar a condenação e auto flagelar. É engraçado que os poetam e compositores condenam-se a dor para que possam escrever e compor. Basta reparar que as melhores composições de amor são aquelas que parecem compostas nos momento de dor e sofrimento, quando a mulher amada está longe ou partiu.
O ciúme surge da desconfiança e condenação que fazemos das pessoas que amamos. Surge na nossa falta de crença no ser humano, pois nunca vemos o lado bom. Enxergamos sempre o pior lado da espécie e acreditamos primeiro na culpa. A inocência sempre deve ser provada. Lembro de grandes surras que levei de meu pai, pois ele sempre condenava primeiro para depois apurar. Isso quando apurava. Aliás, acho que poucas vezes apuramos realmente o que aconteceu, e quando fazemos não agimos com imparcialidade. Na verdade o que procuramos é a culpa e quando encontramos a verdade tentamos interpretá-la conforme nossa emoção. O pior é que nem sempre damos o perdão.
É como uma música do Legião Urbana: “A humanidade é desumana, mas ainda temos chance.”

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