segunda-feira, 26 de julho de 2010

NEGRUTUDE NÃO

Essa história quem me contou foi Camila. Tudo começou numa carona que lhe dei. Como arrumei meu quarto, resolvi pegar todos os meus CDs e colocar numa case para ouvir depois em meu carro. Há tempo que não ouço os CDs, pois no carro tenho DVD. Então ou é um show ou uma rádio FM. Neste dia da carona ouvimos Negritude Junior e ríamos de minha performace. O vocalista do grupo era o Netinho, que depois virou apresentador de Tv e ficou famoso com o quadro “Um dia de princesa”. O que ríamos era lembrar o quanto o Netinho chorava quando cantava. Se o pagode era animado ele chorava, chamando os nomes dos componentes aos prantos. Se a música fosse de dor de cotovelo então, era desesperador. Dava vontade de chorar junto. Aliás, nesta época todos os grupos de pagode eram assim.
Eis a história de Camila. Faltavam poucas semanas para seu casamento com Charles quando ela descobriu uma traição. Não entrei em detalhes por que achei que seria indelicado, mas também porque o melhor da história ainda estava por vir. Ele, sofrendo, arrependido e com o coração em pedaços, cantava todo dia perto de sua casa num Karaokê que tinha num barzinho. Bêbado, com dor de cotovelo e cantando Negritude Junior aos prantos, como se fosse o próprio Netinho. E no final de cada canção ele gritava o nome de Camila pedindo que voltasse.
A situação já incomodava os vizinhos. Alguns já pediam para que o perdoasse e casasse com o rapaz, pois não agüentavam mais a cantoria. Outros pensavam como seria ouvir essa cantoria todos os dias caso casassem, então não torciam pela volta do casal. A situação chegou ao estremo quando o tio de Camila perguntou se ele poderia intervir e dá um sumiço no rapaz. Foi um alvoroço dentro daquela casa. Sabe lá quantos esse senhor de 45 anos findou a carreira? Ninguém sabe ao certo o que aconteceu, mas o fato é que o rapaz sumiu e a cantoria acabou. O tio jura até hoje que não teve nada haver com isso, mas nunca mais ouviu-se Negritude naquela rua.

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