domingo, 19 de setembro de 2010

Fazia tempo que eu não escrevia. Não por falta de assunto, mas talvez pela falta do próprio tempo, que agora é consumido pelas minhas estripulias do mestrado e os conflitos financeiros que me cercam. Não é fácil pagar o mestrado. Tenho que me apertar aqui, ali. Há espaço para as economias burras, mas devem ser feitas. As vezes acho que voltei ao tempo em que comia metade de um ovo frito no almoço.
Primeiro cortei o carro. Eu ia de carro todos os dias e decidi ir apenas aos dias de aula do mestrado. Nos dias sem aula voltei a pegar trem. Confesso que nem lembrava mais como era. Ir e voltar ao trabalho todos os dias de carro é muito cômodo. Eu nem esquentava para engarrafamentos. Calor? Ar condicionado ligado durante as quase duas horas de trajeto da minha casa ao trabalho. Acabou o conforto.
Cortei vários gastos e supérfluos. Agora está difícil sair como antes. Virar noites é muito raro. Chamar aquela menina para sair todos os finais de semana está muito complicado. Há finais de semanas (quase todos) que não dá para sair mesmo, pois simplesmente acabou o dinheiro. Hoje ele acaba antes de começar o mês. O complicado é encontrar uma mulher que entenda isso.
Não é fácil realmente essa vida de mestrando. São muitos sacrifícios e obstáculos. Além da falta de dinheiro tenho que enfrentar minha dificuldade com a língua inglesa. São muitos artigos em inglês e muitas vezes acho que não vou suportar. Resisto porque sou guerreiro e não sou de desistir de uma briga, mas confesso que é complicado abrir mão da vida social durante os próximos dois anos, não pela falta de tempo, e sim pela falta de dinheiro mesmo. Tenho 34 anos e tudo que fiz até aqui foi com sacrifício. Por mais que meus pais quisessem, nunca puderam me dar o conforto que achavam necessário. Tudo o que tenho acabei conquistando, com muito suor. Foi complicado estudar numa faculdade privada, sem nome e receber vários “nãos” nas procuras de emprego. Lembro que em determinada época eu só tinha dinheiro para sair uma vez no mês com a namorada na época. Uma vez apenas. O resto do mês era vendo Faustão. O tempo passou e parece que voltei no tempo. Acho que estou vivendo esta época novamente e desta vez sem namorada.
Um dos poucos confortos que ainda mantive foi o tênis. Disseram-me para não cortar pois eu precisaria de uma válvula de escape. Realmente já estou precisando.

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